Luz

Obrigado por todas as bênçãos.
Obrigado pela encarnação.
Obrigado por poder vibrar na matéria.
Apreender com ela.
Obrigado pela vibração.
Obrigado pela incrível emoção, boa ou má, forte ou
fraca, que me é permitido viver todos os dias.
Obrigado pelos dias.
Obrigado pela dor, que libertada se transforma em alegria.
Obrigado pela noite, que se vivida se transforma em dia.

Que tudo seja exactamente
Como tem de ser
Para que eu chegue exactamente
Onde possa ver
A Luz.
Onde possa ter
Luz.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Córsega



Viajem tão importante e bonita :)
Onde matei saudades, conheci pessoas fantasticas e lugares lindos :)
A Córsega não se vê, sente-se.
Está naquela arquitetura limpa, despojada, e na outra pitoresca, no velho palacete e na torre mais antiga, está nas ruas estreitas, nos prédios altos, nas marinas mais pequenas e nos portos de pesca, nos bares de praia e nos hotéis despidos de sofisticações, está nas velhas construções, nas cidadelas, nas ruínas de aldeias abandonadas, nas curvas e contracurvas das estradas, nos jazigos ao lado de casa ou no cimo da montanha mais isolada. Está no grito da coruja que pia à noite e no do abutre ou milhafre que voa de dia à procura de comida. Está na garrafa de vinho que chega à mesa - tinto, branco e rosé -, nos sonhos de castanha, nos gelados de todos os sabores, no peixe fresco e no queijo a tresandar, no salsichão e no presunto.
O quadro não fica completo, está sempre por terminar, o desta Córsega que é França mas não francesa, italiana mas não Itália. Só talvez mediterrânica. Pode pintar-se a aguarela. Pode pintar-se a óleo. Até a carvão. Mas não pode acabar-se. Os mistérios não se deslindam e os segredos não se revelam. Vêm para casa. Cheiram a uma especiaria estranha que pica, que é fresca e consegue ser doce ao mesmo tempo (nenhuma das que trouxemos do Oriente). Têm uma forma disforme, sempre selvagem e sempre cuidada. Parecem-se com um relógio sem ponteiros, um livro de regras a não cumprir. São um puzzle onde as peças não encaixam. Mesmo assim, é possível compreendê-los.
Eis as coordenadas: Bastia, Ajaccio, Pietracorbara, Erbalunga, Farinela, Bonifacio, Porto-Vecchio, Corte, Calvi, Thegime. São cidades, falésias, praias, vilas, lugares de passagem, sítios emblemáticos, pedaços de uma história que vem de 7000 a.C. As marcas da ocupação humana na ilha remontam à Pré-História, mas é mais significativo o legado neolítico e da Idade do Bronze. Por lá passaram fenícios, etruscos, gregos e romanos, mouros e sarracenos. A Córsega andou literalmente de mão em mão. Pertenceu ao reino de Pisa (1077/1284) e ao de Génova (1284/1768) antes de ser conquistada pelos franceses, invadida ainda pelos britânicos, que em 1796 a vendem finalmente à França sob os comandos de Napoleão Bonaparte, corso de naturalidade.

Um comentário:

  1. "A Córsega não se vê, sente-se". As melhores viagens são essas. É óptimo que tenhas essa capacidade. É tão verdade o que dizes. Adorei o teu texto. bjs.

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